Ter saúde mental durante o tratamento de câncer é fundamental para o paciente oncológico, assim como para toda a sua rede de apoio, que deve incluir família e amigos mais próximos. Muitas vezes, se foca tanto na realização da quimioterapia ou outro método de combate à doença, que se esquece da importância da psicologia oncológica.
O câncer, além de ter grande impacto no corpo, também afeta a autoestima e promove mudanças psicológicas. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Terapias Cognitivas mostra que o medo e a tristeza são comuns depois do diagnóstico e que esses sentimentos podem dificultar o ajustamento do paciente e, consequentemente, agravar o seu caso.
Por esse motivo, é importante aliar a saúde mental e o tratamento de câncer, buscando ao máximo trazer aceitação e bem-estar para todos os momentos da doença. Quer saber mais? Então, continue lendo.
Qual é o impacto do câncer na saúde mental?
A falta de saúde mental e o câncer estão diretamente ligados. Segundo um artigo publicado no Archives of Clinical Psychiatry, a taxa de depressão entre pacientes oncológicos fica entre 22% a 29%. Essa variação está diretamente associado com questões físicas e emocionais, como:
localização do tumor;
estágio clínico;
existência de sintomas, como dores;
limitações físicas e
suporte emocional.
Além de reduzir a qualidade de vida do paciente, a depressão também está associada a possíveis complicações e ao aumento da mortalidade. Vale ressaltar que esse transtorno psicológico pode ser uma consequência de alguns tipos de medicamentos. No caso dos medicamentos interferon-alfa, por exemplo, entre 21% e 58% dos pacientes relatam sinais de depressão.
Dessa forma, além do câncer impactar a saúde mental, o contrário também é verdadeiro. Isso reforça ainda mais a importância de ter o acompanhamento com um especialista em psicologia oncológica.
O que é psicologia oncológica?
A psicologia oncológica é área que trata todos os aspectos emocionais do câncer, tanto para os pacientes quanto para os seus familiares. Para isso, se trabalham questões como a aceitação da doença, a importância de seguir o tratamento, as formas de manter a esperança e se frisa o papel da rede de apoio durante todos os processos.
A partir disso, é possível elevar a autoestima, combater a depressão e trazer mais alegria e aceitação para a situação, o que pode ser bem difícil em alguns casos. Além disso, também há a redução do estresse durante o tratamento para todos os envolvidos.
Para isso, o psicólogo pode testar diferentes abordagens, mas todas sempre focadas em saúde mental e câncer, dependendo diretamente do que o paciente deseja e como ele se sente mais confortável. Entre as principais, podemos citar:
técnicas de relaxamento: por meio de exercícios de respiração e de mentalização, é possível reduzir o estresse e tornar o momento mais leve para o paciente e para os seus amigos e familiares;
terapia individual: é o tipo mais clássico – nela, o paciente conversa com um psicólogo e compartilha suas incertezas, seus medos e suas inseguranças, buscando trabalhar essas questões para aceitá-las, e
terapia em grupo: tão importante quanto trabalhar as questões de forma individual é estar em um grupo de apoio para ver que os outros pacientes e familiares estão passando por situações parecidas. Ter um grupo de confiança permite a troca de experiências e o avanço coletivo.
O acompanhamento psicológico é indicado para quem?
Trabalhar a saúde mental durante o tratamento de câncer é algo que todos os pacientes e familiares devem fazer. Por mais que exista o discurso de permanecer forte e ser positivo, é completamente normal não se sentir dessa forma, principalmente quando a doença foi diagnosticada repentinamente ou tem baixas chances de cura.
Esse acompanhamento com um especialista em psicologia oncológica é tão importante quanto as consultas regulares com um oncologista. Afinal, por meio de visitas regulares, você terá mais qualidade de vida e poderá enfrentar da melhor forma possível o seu tratamento. Ressaltamos novamente que a depressão reduz as chances de sucesso e possibilita pioras no prognóstico, por isso, o assunto é sério e deve ser visto como tal.
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