Em 2013, a atriz e ativista social Angelina Jolie chocou o mundo por retirar suas mamas, seus ovários e suas trompas após realizar uma análise genética. Ela justificou sua decisão no desejo de ver seus filhos crescerem e conhecer os seus futuros netos, o que não foi possível para sua avó, sua tia e sua mãe que vieram a óbito devido a essa condição.
Sabe-se que o surgimento de qualquer tipo de câncer envolve alterações genéticas na célula tumoral. Na maioria dos casos essas alterações surgem ao longo da vida e estão relacionadas a fatores de exposição como envelhecimento das células, alimentação, tabagismo, sedentarismo, exposição a radiação, entre outros. A esse evento, definimos que o câncer é esporádico. Em cerca de 5-10% dos casos, essas alterações ocorrem durante a divisão celular e formação do embrião, e já estão presentes ao nascimento. Nesse caso, essas alterações (mutações) são chamadas de hereditárias, estarão em todas as células do corpo e podem aumentar o risco do desenvolvimento de determinados tipos de câncer.
Esse caso fez muitas pessoas ouvirem falar pela primeira vez do exame de genética para câncer. Apesar de muitos anos terem se passado, ainda há muitas dúvidas sobre esse teste, a sua realização e suas indicações. Se você deseja saber essas respostas, continue lendo e confira.
O que é a oncogenética?
Assim como o nome já sugere, essa área da medicina une a oncologia com a genética, focando na identificação de mutações hereditárias que predispõem o desenvolvimento dessa doença. Além disso, esse ramo também foca em traçar estratégia de tratamento e seguimento individualizando caso a caso.
Essa parte da medicina, então, estuda para identificar quais são os genes que, quando alterados ou modificados naturalmente, aumentam o risco de o paciente ter alguma doença. A partir desse levantamento, é possível avaliar o DNA de uma pessoa e identificar a probabilidade de desenvolver um câncer.
Quando o exame de genética para câncer é indicado?
O teste genético está indicado quando existe a suspeita de que uma mutação possa justificar o caso de câncer em um indivíduo ou em determinada família. A suspeita é maior nas seguintes situações:
– muitos casos de câncer na família
– um tipo de câncer que acomete várias gerações (por exemplo, avô, pai e filhos)
– diagnóstico em idade jovem
– câncer bilateral
– câncer ocorrendo no sexo geralmente não afetado (por exemplo, câncer de mama em homem)
– tumores raros e/ou com comportamento mais agressivo que o habitual
Através do aconselhamento genético serão coletadas informações pessoais e dos familiares (até a 3ª geração) e a partir disso será definido o teste mais adequado para o caso. Atualmente, pode-se realizar a pesquisa de mutação específica de 1 ou 2 genes, ou análises maiores de um grupo de genes (os conhecidos painéis). O acesso a esses exames tem melhorado com o passar dos anos, e alguns deles já são disponibilizados pelos planos de saúde.
Nascer com uma mutação facilita o processo de carcinogênese (processo envolvido no desenvolvimento da célula neoplásica) mas NÃO significa que terá câncer, apenas que o risco para o surgimento de câncer é mais elevado.